Já Abraçou Seu Demônio Hoje?

 



Essa semana meu demônio tem andado de mãos dadas comigo. Pesando meu coração, fazendo lágrimas escorrerem involuntariamente, me dando crises nervosas e de ansiedade durante as muitas madrugadas que passo acordada. 

Mas ao contrário das outras vezes que isso aconteceu, ao invés de tentar afastá-lo eu o abracei. E nesse abraço, eu acabei descobrindo algo sobre mim mesma. Algo que eu não tinha percebido até então, e que explica muita coisa.

Eu tenho medo de perder o pouco amor que eu acho que consegui e por várias vezes fico paranóica com isso. É como se aleatoriamente despertasse um alarme na minha cabeça que me diz: agrade, se doe, senão você vai perder.

Geralmente dá resultado, consigo sorrisos, beijos, um eu te amo e fica tudo bem, o coração acalma mesmo que a cabeça ainda esteja uma pilha. Mas quando a rotina fica intensa e eu não recebo aquilo que anseio, a insegurança bate forte e a paranóia aumenta.

Quando você nunca se sentiu amado, qualquer migalha te faz sentir importante, por mais que você saiba que merece mais, a sensação de preenchimento que aquele pouquinho te dá é quase como uma droga, te vicia, e você se anula, começa a viver em função do outro por sempre querer mais. Como se a sua felicidade dependesse única e exclusivamente de outra pessoa.

Tantos relacionamentos tóxicos começam e perduram por isso, e tantos ainda vão começar até que a gente entenda que merece mais não só do outro, mas também de nos mesmos.

Eu tive vários relacionamentos tóxicos. E não só no aspecto homem e mulher, mas também de amizade e família. Depois que eu perdi minha sobrinha algo se quebrou em mim e eu pude perceber o quanto eu estava me dedicando pra manter esses relacionamentos, que honestamente, deveriam ter sido terminados há muito tempo.

Difícil é saber que você estava certa, que o esforço pra manter esses relacionamentos era realmente só seu. Que nesses últimos quarenta dias ninguém te procurou, a não ser é claro pra pedir algum tipo de ajuda...

Eu quebrei esse padrão recentemente e estou muito orgulhosa de mim mesma. E acreditem, não está sendo fácil canalizar todos esses sentimentos pra algo bom com o meu demônio me dizendo que eu não mereço ser amada, que eu nunca fui, que nunca vou ser. Tenho tentado pensar primeiro em mim e cara... como é difícil!

Por que nos ensinam que se colocar em primeiro lugar e ás vezes pensar só em nós mesmo é errado e egoísta? Por que se amar e se aceitar é tão difícil?

Será que se nós fôssemos um pouco mais egoístas, sentimentos como os que eu citei mais acima, iriam ser menos difundidos? Será que olhar no fundo da nossa alma, encarar e abraçar nossos demônios seria mais fácil?

Quando eu escrevi sobre reciprocidade aqui e aqui, eu já sabia que não deveria criar tanta expectativa em relação ás pessoas que eu amo, mas depois que Yaya se foi, a vida esfregou isso na minha cara. Foi como acordar de um transe com um tapa. Um tapa daqueles que deixam os cinco dedos marcados na sua cara.

Tenho aprendido à duras penas que amor próprio e auto preservação não é egoísmo, é cuidado e respeito com o meu coração. Espero que uma hora isso vire um hábito e fique mais fácil. Por enquanto, as madrugadas com o demônio e músicas de fossa no Spotify tem sido rotina.

Desculpe não ter feito sentido, eu só precisava escrever.

Imagem daqui

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